Todo Mundo Quer Falar

Wednesday, November 09, 2005

Sincronicidade

Já ouviram falar em sincronicidade? Não sei se há mais de uma definição, mas a que conheço envolve a habilidade (ou sorte?) de um indivíduo de realizar todas suas ações em sincronia com o mundo. Um exemplo elementar disso seria chegar ao ponto de ônibus junto com o ônibus, ou estar querendo entrar em uma livraria e encontrar uma na esquina seguinte.

Pois eu tenho a teoria de que sincronicidade não é nada extraordinário. Creio que é somente atenção e flexibilidade. Uma pessoa atenta é capaz de aproveitar ao máximo o mundo que a rodeia; se for flexível, vai se adaptar ao que a rodeia. Simples assim.

Meu conselho é, então, seja atento e flexível. Você vai ficar impressionado com a quantidade de encontros "fortuitos" vão ocorrer na sua vida. Nem você mesmo vai perceber o quanto esses encontros são produtos da sua atenção, e não de uma sorte divina.

Depois de alguns dias de "sincronicidade", você pode contar aos seus amigos embasbacados suas histórias de sucesso. É 100% bacana e sucesso garantido em festinhas e rodinhas de bar. Aproveite e comece agora a ser atento e flexível. E o melhor: é grátis.

Saturday, October 22, 2005

ARS ET SCIENTIA

ARS ET SCIENTIA

Arte e ciência. Sempre gostei da máxima da UFSC, apesar de ela ser falsa. Na UFSC só tem ciência. A arte, quando há, fica escondida debaixo da pilha científica.

Eu gosto de ambas, tanto da arte quanto da ciência. E quero escrever para os dois times. Desejo, sobretudo, uni-las em uma casamento nada monótono.

Por gostar de escrever, tento representar apenas a arte escrita. Visualmente e auditivamente eu deixo a desejar, então é melhor mesmo que eu coloque as mãos na caneta do que na viola, nos pincéis ou na argila.

Infelizmente, sou obrigado a confessar que me dou melhor com a escrita científica do que com a artística. Deficiência promovida graças à Psicologia. A vida inteira estudei ciência e nada de arte. Minhas leituras em arte vieram sempre contra a ciência, no sentido de que preferia fazer um relatório mediano para passar boas horas lendo literatura. Nada formal no estudo da literatura. Uma pena. Por outro lado, fico me perguntando se estudos formais ajudariam realmente...


EXPERTÁRCURLOR

Acaba com o expetáculo. Quando vou escrever artisticamente, começo com as manias científicas. Minhas descrições parecem açucaradas demais, então as mudo e elas ficam secas demais. Cadê o bendito meio termo fenomenal?

Lá vou escrever ciência. Acho ridículo o modo impessoal, mesmo que ele seja necessário. É sempre uma pessoa que escreve, é preciso lembrar. Eu não sou um computador, sou uma pessoa de carne, osso e conceitos! A ciência não me liberta. Eis o que quero na hora de escrever: transmitir da forma mais eficiente, e do modo mais belo possível.

Ao invés de ajudar, parece que sou atrapalhado pelo meu gosto pelos dois conhecimentos. O resultado é que pouco acaba me agradando. Eu sinceramente odeio discursos muito simbólicos na literatura, e sinceramente não suporto relatos nada graciosos na ciência. Cadê o bendito meio termo fenomenal?


O QUE SE FALA

A ciência e arte podem falar da mesma coisa. Seria uma briga. A ciência usaria tantas palavras quanto necessárias para proibir o leitor de fazer uma imagem diferente da vista pelo cientista. A ciência é a linguagem da persuação, por contrário que se fale. "Preciso convencer o meu leitor de que o modo como eu vi a coisa é o modo correto. Imagina se ele ler e ver diferente?! Não, isso é falha!"

A arte, por outro lado, descreve quase uma impressão, ainda que ela tenha enganado os sentidos. E o autor acharia ótimo se os leitores imaginassem coisas diferentes da que ele viu. A verdade do fenômeno está nos olhos de quem vê. Não importa o número de palavras. Um livro pode descrever uma rosa, ou uma palavra: a rosa perfeita. O que é perfeição? Não importa, caríssimo.

A arte dura mais porque permite mais. Ela não é necessariamente imortal, apesar do consenso sobre algumas obras. Ainda que perecível, ela é muito mais duradoura do que a ciência. A interpretação se acomoda aos homens, e a arte mais bela fala de fundamentos humanos que atravessam os tempos. Arte arte arte!

A impressão da arte sobrevive muito mais do que a proibição interpretativa da ciência. E aí entramos no ponto fundamental da ciência.

Toda boa ciência deve ser invariavelmente negada. A ciência, mais do que ninguém, sabe que a verdade é mutável, que o mundo é mutável e que as teorias são lixo passageiro. "Não se apegue à sua idéia" é a ordem que seguem os bons cientistas. Se o cientista defender demais sua idéia, se ele negar quem destrói sua descoberta, ele é um péssimo profissional. Um bom cientista é sempre um trampolin.

Quanto à questão da proibição da interpretação, isso é mais do que justificável. As palavras devem servir ao consenso, por mais difícil que isso seja. Os críticos que afirmam que a interpretação é imperecível, estão certos, mas quando dizem que isso invalida a ciênca, estão muito errados. Longe de ser perfeita, a ciência ainda é o meio de conhecimento mais efetivo por excelência, e duvidem de quem fala o contrário. A proibição da interpretação tem regras muito claras e necessárias. A persuasão científica, como dito, é efêmera. Não se pode ser mais sincero do que um cientista: ele escreve para ser chamado de mentiroso, mas vive satisfeito, pois sua mentira abre um milhão de possibilidades de desenvolvimento. E os desenvolvimentos são tanto melhores quanto mais criativos.


FAZER

Cadê o bendito meio termo fenomenal?

Ajudem, queridos leitores e leitoras. Vocês são jornalistas, psicólogos, alguns com almas de artista outros como almas de cientista. O que vocês acham? Apenas dessa vez, vamos abrir uma boa discussão. O que eu esqueci? Quais os pontos de ligação que não citei?

Tuesday, October 11, 2005

Desarmamento - até onde isso vai?

Acabo de descobrir que no ano passado apenas 1200 armas foram vendidas.

As pessoas prezam demais sua opinião aberta. A ponto de se sentirem obrigadas a defendê-las mesmo quando elas mudaram apenas para não admitir que estavam enganadas. É uma pena, mas todo mundo é um pouco assim.

Os argumentos a favor do "não", ao meu ver, têm muito mais densidade. Eu gostaria realmente que os brasileiros votassem "não". É impossível votar contra sua própria liberdade.

Sou um psicólogo. Isso me coloca na obrigação de ser sempre "murista" e entender todos os lados de todas as opiniões. O tempo fez com que isso deixasse de ser obrigação. Depois de muito estudo e reflexão, concluí que realmente todas as opiniões devem ser respeitadas. Todas elas têm valor.

É exatamente por isso que me dou uma folga da minha eterna postura, somente uma vez, para dizer:
NÃO VALE A PENA VOTAR SIM!

Desarmamento (versão 2)

Algumas vezes temos que ser suaves. Outras temos que ser firmes. É por isso que eu digo sem medo nenhum que aqueles que votarem contra o desarmamento são burros.

Não me entendam mal. Eu respeito a opinião de quem votar contra. Mas não é por respeitá-los que não pensarei que são burros.

Odeio armas, não pretendo ter uma. De preferência, nunca. Mas eu já sei. Por enquanto o Brasil está só uma merda completa. Quando ele estiver uma giga merda completa, nenhum cidadão irá sair às ruas e lutar contra algum golpe de Estado ou coisa pior. Já tivemos uma ditadura e nenhum cidadão saiu com suas armas legalizadas para defender a democracia. Não digo para hoje, nem para nunca. Mas o futuro eu prevejo. Se for necessário, ter uma arma de legalizada de baixo calibre não me deixará poder estar preparado.

O parágrafo de cima diz do que pode ser adiante. "Hoje" é grande parte da questão. Não vou apresentar diversos argumentos para defender a verdade de que o cidadão que não pode contar com a proteção do Estado precisa se proteger por si mesmo. Porque, como dito, isso é uma verdade. Mas a verdade nunca é única e soluções não faltam. Falta vontade mesmo. Não vou também me alongar na já sabida conseqüência que o desarmamento geraria: menos mortes estúpidas e sem sentido. Dizem que vai ter um aumento do comércio de armas ilegais e isso terá mesmo, assim como tudo que é ilegal. Dizem da certeza dos bandidos de que todos são frágeis. Mas isso eles já sabem faz tempo. Somos frágeis e medrosos mesmo. Porque, também como dito, isso já é sabido.

O que quero mesmo falar é do fato de o governo estar nos chamando a decidir algo para nossas vidas, pela primeira vez na história do pais, pois este é o primeiro referendo de toda a história do Brasil. Armas causam acidentes porque não é ensinado como usá-las corretamente e porque são feitas só para matar, e para mais nada. Armas são ruins como carros na mão de gente desmiolada. O problema está diretamente no instrumento, e tambem em quem o porta. A solução é banir o instrumento, e também educar o futuro não portador, para que não compre uma ilegal. Se o governo não é capaz de fazê-lo, tem que estudar uma maneira de se tornar capaz. A solução de perguntar se querem banir o instrumento é alguma coisa. É como respeitar os cidadãos dando a eles o direito de pensarem e escolherem se querem ficar ou não com o instrumento e se querem que o outro tambem fique, faze-los pensar e discutir. Tambem dá prova de maturidade dando a eles o direito de escolher ao invés de baixar logo uma lei proibindo.

Novamente, não me entendam mal. Quero encerrar este propositadamente curto texto deixando claro que sou a favor do desarmamento. Mesmo que nem todos sejam desarmados. Concordo que assim o mundo vai ser mais seguro. Não sou a favor de armas. Sou a favor de desarmar quem não é bandido, para que não venha a ser por pouca merda.

Saturday, October 08, 2005

Desarmamento

Algumas vezes temos que ser suaves. Outras temos que ser firmes. É por isso que eu digo sem medo nenhum que aqueles que votarem a favor do desarmamento são burros.

Não me entendam mal. Eu respeito a opinião de quem votar a favor. Mas não é por respeitá-los que não pensarei que são burros.

Odeio armas, não pretendo ter uma. De preferência, nunca. Mas não se sabe. Por enquanto o Brasil está só uma merda completa. Quando ele estiver uma giga merda completa, talvez seja preciso sair às ruas e lutar contra algum golpe de Estado ou coisa pior. Não digo para hoje. Mas o futuro eu não prevejo. Se for necessário, quero poder estar preparado.

O parágrafo de cima diz do que pode ser adiante. "Hoje" é grande parte da questão. Não vou apresentar diversos argumentos para defender a verdade de que o cidadão que não pode contar com a proteção do Estado precisa de proteger por si mesmo. Porque, como dito, isso é uma verdade. Não vou também me alongar na já sabida conseqüência que o desarmamento geraria: aumento do comércio de armas ilegais e na certeza dos bandidos de que todos são frágeis. Porque, também como dito, isso já é sabido.

O que quero mesmo falar é do fato de o governo estar nos chamando de burros. Armas causam acidentes porque não é ensinado como usá-las corretamente. Armas são ruins como carros na mão de gente desmiolada. O problema não está diretamente no instrumento, mas sim em quem o porta. A solução não é banir o instrumento, e sim educar o portador. Se o governo não é capaz de fazê-lo, tem que estudar uma maneira de se tornar capaz. A solução paliativa de banir o instrumento é ridícula. É como chamar os cidadãos de burros e a si mesmos de incompetentes.

Novamente, não me entendam mal. Quero encerrar este propositadamente curto texto deixando claro que sou a favor do desarmamento. Desde que todos, sem execeção, sejam desarmados. Concordo que assim o mundo seria mais seguro. Não sou a favor de armas. Sou contra desarmar quem não é bandido.

Tuesday, October 04, 2005

Frase

A publicidade é uma técnica que te faz pensar que toda a vida ansiaste por uma coisa de que nunca ouviste falar.
(Autor desconhecido)

3 rapidinhas (1 velha e 2 novas)

Palíndromo: socorram me subi no onibus em marrocos

Unibanco e seu novo mote: "Nem parece banco". Não só parece, como é... assim como todos os outros.

Propaganda: A do Schin refrigerante é legal. Schrubles.

Monday, September 26, 2005

A condição e a sabedoria

O Bloom falou que sabedoria é aceitar a condição humana. Ele é um crítico literário de quem só ouvi falar. Chega de Bloom, o resto sou eu.

Por exemplo, você já percebeu que a vida não tem sentido quando você pergunta se ela faz? Melhor passar sem fazer a pergunta, ou se fizer, aceitar que a resposta não agrada.

Condição humana é sofrer e ser feliz de acordo com as situações. A felicidade eterna é histórinha para boi dormir. Ou vai dizer que você acredita que pode sorrir sempre?

Você tem que aceitar a ansiedade, o frio na barriga e o fato de estar em um universo no qual você é tão infinitamente pequeno quanto ele é infinitamente grande.

Que mais? Ah, você não pode reverter o tempo, nem pode escapar da morte. Tem uma coisa que talvez cause certo impacto, ainda mais no mundo estético de hoje... você também não pode mudar de corpo.

Parece pessimista, mas não é. Humano é o que você é. Humano é o que você deve ser. Claro que é permitido se tornar uma pessoa melhor. Um bom começo é aceitando que você é humano.

Não se pode esquecer que ser humano é parar com todos os questionamentos e preocupações quando se está com outro ser humano.

Thursday, September 22, 2005

Alguma literatura

Eu gosto muito de literatura. Quero escrever uma infinidade de livros de contos e romances. Mas literatura é um problema...

Acredito que os livros de literatura são mais adequados para transmitirem alguns tipos de conhecimento do que o são os livros científicos. Simplesmente porque a linguagem da literatura se aproxima e até supera a linguagem que utilizamos no dia-a-dia para entender a realidade. A literatura nos entrega textos síntese, em que cada palavra pode se desdobrar em um milhão de possibilidades e significados. É mais fácil, por exemplo, transmitir como um sentimento é desenvolvido por meio de textos literártios. A linguagem da ciência, por outro lado, pretende transmitir um e somento um significado.

A literatura se torna um problema quando os significados dos textos fica muito escondido. Alguns admiram isso e dizem que o maravilhoso da arte é essa capacidade de transmitir um milhão de possibilidades. Eu penso que quando o significado fica escondido é porque o autor tem sérios problemas. Deveria procurar um psiquiatra, tomar um remédio e tentar escrever de novo.

É melhor colocar assim: seria bom colocar algum limite na distorção da realidade. A linguagem serve principalmente para transmitir informações. Se isso não for alcançado, então um outro nome deveria ser dado ao amontoado de palavras. Não estou defendendo uma literatura parecida com ciência. De jeito nenhum! Ciência é chata. Eu gosto porque sou chato. A interpretação idiossincrátiva da literatura deve continuar! O que estou dizendo é que a interpretação deve ser possível.

Também há a literatura pela beleza das palavras, em que o significado é deliberadamente deixado a escanteio e a forma é elevada à condição máxima. Isso é compreensível. A estética é importante à literatura, acho até que é fundamental a ela. Mas a literatura que apenas pretende a forma não deve estar em romances.

Uma realidade nova a ser apresentada, ou uma interpretação incomum da realidade precisam ser compreendidas em algum grau. Defendo a expulsão dos textos incompreensíveis que só prestam ao autor. Eu prometo que minha literatura será passível de entendimento. E prometo que quando eu distorcer a realidade violentamente, vou fazer de forma que ainda se possa entendê-la. Se algum dia eu violar esse princípio, avisem-me.

E vocês, o que acham da literatura incompreensível?